segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A última despedida


                                                   
Mais uma noite de festa, sua cabeça está pesada, sua visão embaçada, dentro do carro cheiro de perfume barato misturado com fumaça de cigarro, seu corpo ainda suado graças a mais uma noite de pura luxúria. Ser jovem é ter razão de ser feliz, não entendia os deprimidos, nada poderia ser tão ruim que uma noite em um bordel não pudesse curar. Na madrugada ele avança sem preocupações, o velocímetro já passa de cem, mas o peso de seus olhos estavam ficando cada vez maior, já não conseguiria mais conter o cansaço este era o limite de seu corpo, infelizmente esta seria a ultima vez que se divertiria.
O dia amanhece, na estrada os destroços de um velho carro e um corpo carbonizado.
Em seu velório alguns familiares a maioria nem o nome sabia, vários desconhecidos curiosos mais nenhum amigo. No cortejo que seguia pelas ruas estreitas aos poucos as pessoas ficavam pelo caminho, era um dia chuvoso e feio por fim na frente do cemitério apenas o padre, sua mãe, irmã e seu cachorro estavam presentes, havia lágrimas no rosto de sua mãe isso era um bom sinal, pois agora sabia que não tinha sido um homem tão ruim, “só os homens realmente ruins morriam e não tinham nenhuma mulher para chorar por eles” ele não era um destes homens.
            O enterro foi encerrado, agora ninguém mais o veria novamente pelo menos era o que deveria acontecer, mas quem tem amigos nunca sai sem antes tomar a saideira e com ele não seria diferente, pois durante a noite seus amigos foram até seu túmulo e o desenterram, derramaram bebida sobre seu caixão e regados a bom vinho e a antigas músicas de rock celebraram uma digna despedida, sem choro, nem falsas verdades.

El Cunha

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