quinta-feira, 18 de setembro de 2014
O artista inconfessável - João Cabral de Melo Neto
Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil e que seu sentindo
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificilmente
se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.
terça-feira, 9 de setembro de 2014
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Ode ao ódio
Nesse lodaçal de mediocridade,
Nesse processo de decadência,
Caminhamos rumo ao apogeu do horror...
Nesse mar de futilidade,
Nesse barco furado,
Uma tripulação cancerígena segue acorrentada a suas
ilusões...
Nesse depósito de parasitas,
Nesse berço de miséria ,
O arauto da destruição alimenta-se dos escombros e
anuncia:
"O caos se instalou no núcleo da terra,
Os absurdos governam o mundo,
Na existência impera o vazio."
Nesses reinos de desolação,
Onde a vida oscila entre o tédio e a dor,
só me resta o ódio
e a convicção de que as soluções para os aspectos da existência só são
igualadas pela sua inutilidade.
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