À noite parece que toda paciência,
ou espírito cai fora de nosso alcance.
Não há mais o que fazer: o corpo extenuado arrasta o cérebro
para um abscesso de lama e merda; a vala do inferno.
O dia com seus longos e estéreis compromissos já não lhe
incomodam. Pelo menos pelas próximas dez ou doze horas. Agora é o momento do êxtase,
da redenção, o gozo precoce gerador de uma felicidade natimorta.
É à noite que as ilusões se juntam aos fantasmas para
fazerem do seu cérebro ou coração um parque de diversões duvidosas,
cujas maiores atrações são revestidas de sadismo e horror.
É a fração de liberdade de um moribundo; a glória semi-sentimental
de um pedaço de carne robotizado, lobotomizado e por fim, mas não menos
importante, castrado.
Enfim, demos um viva às noites. E a todos os seus jogos e
armadilhas. E que nossas mentes apodrecidas consigam suportá-las, aos pedaços, mas com um mínimo
de decência e dignidade. Seja lá o que isso signifique.
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