domingo, 21 de novembro de 2010

Sarjeta

As coisas mais belas do mundo
Conhecêmo-las quando se extingue
Aquele amor que juramos que tínhamos.

É na desilusão do coração ingênuo
Que reside  a verdadeira beleza:
Na rejeição das moças pálidas
No estupro à pátria amada
Na traição da juventude
Na fé ordinariamente comprada.

Está no sangue do trabalho
No suor das lavouras
No sol dos canaviais
No teto dos moradores de rua
Na divisão injusta do capital
A essência do belo humano.

E é na dor 
Que se encontra sua expressão máxima:
Nas nossas asas quebradas
Nos nossos sonhos amputados
Nos cabrestos que nos são postos
Na imundície de nossas sarjetas.

E é a sarjeta esse chão que nós pisamos
É esse ar que respiramos
Essa água que bebemos 
O alimento que comemos
É essa merda que expulsamos.

Alexandre Indius

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